No Brasil Colonial o escravo esteve presente em todas as atividades como nas lavouras, nas minas, nos serviços domésticos e urbanos; o negro foi a força de trabalho fundamental para a economia do ciclo do açúcar, do ouro e do café.
A mão-de-obra escrava continuou no Brasil Imperial até 1888.
Estudo Dirigido de História do 8º ano sobre o filme
Mauá - O Imperador e o Rei de Sergio Rezende
A Escravidão no Segundo Reinado
►O trabalho escravo e o ciclo do café.
Durante a segunda metade do século XIX o Brasil experimentou um progresso jamais visto antes, e esse progresso estava relacionado diretamente com o cultivo do café que passou ser a base da economia brasileira. O café provocou várias transformações no panorama brasileiro, entre elas a introdução do trabalho livre e assalariado após a proibição da importação de escravos em 1850. No entanto, mesmo depois do fim do tráfico a utilização do trabalho escravo continuou a todo vapor. Os cafeicultores para ter acesso aos escravos recorreram ao tráfico interno. As lavouras nordestinas que estavam em decadência passaram a vender seus negros para o Sul cafeeiro com preços altíssimos.
Com o tempo os cafeicultores perceberam que a manutenção do trabalho escravo estava saindo bem mais caro do que o trabalho livre e assalariado, em vista disso os fazendeiros de café passaram a preferir a mão-de-obra do imigrante. Por esse motivo, muitos fazendeiros do Oeste Paulista apoiaram o abolicionismo.
A questão do negro é muito bem retratada no filme, cujo foco central é a vida de Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá, títulos estes concedidos por Dom Pedro II após 1850. Desde muito jovem Irineu se mostrava contrário à escravidão e, com o passar dos anos tornou-se um abolicionista fervoroso.
Mercado de Negros da Rua do Valongo no Rio de Janeiro. Triste cena desenhada por João Batista Debret, que veio na Missão Artística Francesa convocada por Dom João em 1816. Debret permaneceu no Brasil até 1831 e retratou em suas telas e aquarelas os principais acontecimentos da História e dos costumes brasileiros na época.
►A Escravidão retratada no filme: Mauá - O Imperador e o Rei de Sérgio Rezende
Irineu ao chegar ao Rio de Janeiro com Batista, seu tio, vai trabalhar como caixeiro no armazém do português Pereira de Almeida, um dos maiores traficantes de escravos da época.
No armazém, Irineu presenciou transações de vendas, onde os escravos eram tratados como peça, e os maus tratos que sofriam. Irineu não concordava com as condições desumanas, considerava uma grande injustiça tratar mal as pessoas. Foi também no armazém que Irineu conheceu o escravo Valentim e fez amizade com ele.
Ao dar seus primeiros passos para se tornar um grande comerciante Irineu tomou a iniciativa de comprar o escravo Valentim. Através de um gesto simbólico libertou o amigo: deu a ele um par de sapatos. Os escravos eram proibidos de usar calçados. Apesar de ser livre Valentim continuou trabalhando para Irineu em sua casa, realizando serviços domésticos. Essa relação afetuosa durou até a morte do negro que foi presenciada pelo patrão e amigo.
Outro ponto importante que demonstra a posição abolicionista de Irineu é retratado na cena em que ele compra o Estabelecimento de Fundição e Estaleiro da Ponta de Areia incluindo os escravos que nela trabalhavam. A primeira iniciativa de Irineu foi dizer para os negros que eles iriam continuar trabalhando, porém, não mais sob o regime de escravidão. Os negros receberiam um salário, possibilitando, dessa forma, a compra da carta de alforria, da liberdade. É interessante perceber, que os negros ao receberem a notícia que teriam possibilidade de comprar a liberdade, não demonstraram nenhuma reação de felicidade, uma vez que essa era uma promessa corriqueira feita pelos senhores e que nunca era cumprida.
O filme mostra o cotidiano dos negros trabalhando nos serviços urbanos e domésticos; mostra também a cultura africana, que fica evidente pela referência a Iansã, divindade cultuada pelos escravos e citada na cena do temporal pela mucama Matilde: “Ninguém pode com a força de Iansã”. As negras mucamas são vistas constantemente nas cenas que se passam na casa do casal May e Irineu, porém, é interessante observar que todas as negras estão calçadas.
Irineu Evangelista de Souza frente a sua posição liberal e abolicionista dizia que a escravidão era um atraso para o desenvolvimento do Brasil. Para embasar sua idéia, cita o caso da Inglaterra que depois de acabar com a escravidão em suas colônias ascendeu economicamente e se tornou potência industrializada. Para Irineu, o fim do trabalho escravo possibilitaria o desenvolvimento econômico do Brasil e conseqüentemente sua industrialização.
Devido suas idéias abolicionistas, Irineu bateu de frente com os conservadores do Império, pois eles sabiam que sem o trabalho escravo o Império não resistiria por muito tempo, tal como afirmou Visconde de Feitosa: “Acabar com os escravos é acabar com o Império”.
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