quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

aula As Origens da Festa de Natal


           
           




O Natal é provavelmente a época mais mágica do ano. Não há quem não se enterneça com as músicas, cores e mensagens natalinas. Mas o aspecto mais interessante do Natal talvez seja sua abrangência, que ultrapassa limites territoriais, culturais e religiosos. E esse alcance pode ter raízes nas origens da festa natalina, que são muito anteriores ao cristianismo.
Este estudo tem o objetivo de contar um pouco das origens do Natal.
Você já notou que as coisas de Natal nos remetem ao frio, neve, trenó de renas, lareira, as roupas do Papai Noel...Nossa história começa no frio, mais precisamente no inverno do hemisfério Norte. Muitas culturas antigas mantinham festividades de inverno que, em geral, eram as mais populares de todas que aconteciam durante o ano. O inverno era uma época em que não se podia cuidar dos trabalhos agrícolas, e nem brincar ao ar livre. Havia a alegre expectativa por dias mais longos e menos frios após o solstício de inverno.


SOLSTÍCIO


 É exatamente no solstício do inverno no hemisfério Norte que está uma das origens do nosso atual Natal.
À medida que a Terra executa sua revolução (ou translação), vemos o Sol se deslocar no céu. Esse deslocamento não é o ciclo diário de nascer e ocaso, conseqüência da rotação terrestre, mas a mudança de posição que faz com que vejamos o Sol nascer em um lugar diferente a cada dia.
Ao longo do caminho percorrido pelo Sol na abóboda celeste, temos quatro instantes importantes nos quais acontecem os inícios das estações do ano. Dois são chamados de equinócio e ocorrem quando o Sol cruza o equador celeste, projeção do equador da Terra no céu. Os outros dois instantes são os solstícios, que marcam o início do verão e do inverno, e acontecem quando o Sol atinge seu máximo afastamento do equador celeste.
Nos dias dos equinócios, o dia tem exatamente a mesma duração da noite. A palavra vem do latim “aequus”, que significa igual, e “nox”, que significa noite. Após o equinócio de setembro, os dias no hemisfério Norte passam a ser mais curtos que as noites, e a diferença continua aumentando. Isso é causado pelo movimento gradual do Sol, que diariamente se afasta do equador celeste adentrando o hemisfério Sul celeste. Quando o afastamento chega em seu limite, o Sol pára de se afastar, e temos um solstício. A palavra solstício também vem do latim e significa “Sol estático”. Nesse momento, o Sol volta a se aproximar novamente do equador celeste, e os dias começam a ter maior duração, enquanto as noites passam a ser mais curtas.
É claro que para nós brasileiros é tudo ao contrário. Como vivemos no hemisfério Sul, aqui é o solstício de verão.

Dies Natalis Solis Invicti




Para comemorar o aumento da duração dos dias e a diminuição das noites, os romanos festejavam no dia 25 de dezembro o “Dies Natalis Solis Invicti”, ou o “Dia do Nascimento do Sol Invencível”. Quando Julio Cesar instaurou o calendário juliano em 45 a.C., o solstício de inverno do hemisfério Norte (ou seja, solstício de verão no hemisfério Sul) acontecia próximo a 25 de dezembro (nos dias atuais acontece em 21 ou 22 de dezembro). Nesse dia, nascia o Sol invencível, que não foi vencido pelas trevas, e irá proporcionar dias mais longos dali em diante, até o próximo solstício. O festival parece ter sido instaurado pelo imperador romano Elagabalus, que governou de 218 a 222. Perceba que a palavra “Natalis” estava associada ao nascimento do Sol, não de Jesus Cristo.

Saturnália


  Duas festas de inverno do hemisfério Norte ainda mais antigas estão também associadas ao nosso atual Natal. Uma delas é a Saturnália, uma festa dedicada ao deus Saturno. Inicialmente, acontecia em 17 de dezembro, sendo depois prolongada até o dia 23 do mesmo mês. Durante a Saturnália, trabalhos eram suspensos e até escravos participavam. Pessoas bebiam, cantavam e dançavam. Havia um aumento exagerado da informalidade, lembrando muito as nossas atuais festas de Carnaval. Também fazia parte da Saturnália troca de pequenos presentes ou lembranças entre as pessoas, tradição que foi herdada por nossa atual festa de Natal.

Yule
   



 Outra celebração relacionada ao nosso atual Natal é a Yule, de origem escandinava. Era uma festividade dedicada a Thor, deus do trovão, que durava cerca de 12 dias e acontecia entre o fim de dezembro e o início de janeiro. Entre as práticas da Yule, havia o sacrifício de um porco, cujo reflexo histórico vemos hoje em nossas mesas sob a forma do pernil de Natal. Ainda hoje, a palavra “yule” é usada para fazer referência à época do Natal na língua inglesa.
As velas que usamos hoje para decorar nosso Natal podem estar associadas a antigas fogueiras acesas durante festividades de inverno. Elas tinham como objetivo incentivar ou alimentar o Sol que estava voltando a brilhar por mais tempo. Acender uma fogueira dentro de casa é uma péssima idéia, mas a tradição continuou viva através das bonitas velas de Natal.



 E falando de Natal não podemos de maneira alguma esquecer dele, o Papai Noel! A lenda do bom velhinho parece ter origem em um bispo chamado Nicolau, nascido por volta do ano de 280 onde hoje é a Turquia. Com vários exemplos de boa vontade no currículo, sua figura foi associada ao Natal, a festa mais mundialmente fraterna que temos até os dias de hoje. Desenhos de São Nicolau o mostram usando barba.


 Como vimos, o Natal teve sua origem no inverno do hemisfério Norte, então, é natural que Papai Noel use pesados agasalhos e use um trenó de neve. A “Coca-Cola”, sim, do famoso refrigente, diz que foi a inventora da roupa vermelha do bom velinho quando, em um anúncio do refrigerante na década de 1930, Papai Noel aparecia vestido com as cores do produto. Mas uma outra empresa americana, a “White Rock Beverages”, já tinha usado a figura de Papai Noel vestida com as roupas que conhecemos hoje num anúncio de 1923, depois de já ter usado a mesma figura para vender água mineral em 1915! Voltando ainda mais no tempo, há ilustrações de Papai Noel do século XIX, que o mostram usando roupas bem parecidas com as que conhecemos hoje.





As origens da árvore de Natal são bem mais incertas, mas devem estar relacionadas com antigos rituais de decorar árvores com símbolos que representavam o Sol, a Lua, almas de pessoas falecidas, e também com prendas. Apesar desses rituais serem bastante antigos, a “National Christmas Association” diz que o primeiro registro escrito de uma árvore de Natal decorada foi feito em 1510.








O Natal tem origem astronômica:
          a celebração do solstício de inverno no hemisfério Norte.
Com o império romano adotando o cristianismo como religião oficial, houve um grande esforço para propagá-lo. Em vez de abolir as antigas festas ditas pagãs, o Império as assimilou. Em vez de comemorar o solstício, as festas podiam continuar, mas o motivo da comemoração passou a ser o nascimento de Jesus.
O melhor de toda essa História é que o Natal relembra que é muito melhor cultivarmos o amor, a paz, a fraternidade que qualquer sentimento contrário a ele.
Feliz Natal!
 Adaptação doTexto base de Leandro Guedes no site do Planetario RJ


Governo JK


OS ANOS DOURADOS 1956-1960


Juscelino Kubitschek se elegeu presidente, prometendo mudar o país, modernizá-lo, desenvolvê-lo num curto espaço de tempo - 5 anos. Como foi possível num momento de grave crise, provocada pelo suicídio de Getúlio Vargas, resgatar o otimismo e a esperança e governar dentro da legalidade? Nesta aula teremos uma noção da situação internacional daquele momento, como JK tornou possível o seu projeto desenvolvimentista e como a sociedade reagiu a todas essas mudanças.

1.  A Década de 50 e a "Bipolarização" do Mundo

No decorrer da década de 50, o Brasil é influenciado por um processo de divisão do Mundo em duas áreas de influência. É a chamada "Bipolarização".

Conseqüência da "Guerra Fria", que corresponde ao conflito ideológico entre EUA e a URSS, a bipolarização divide os países em dois "Mundos": O Capitalista e o Socialista.

O "Mundo Capitalista" é composto pelas "Democracias Liberais". A liderança norte-americana em termos político-militar e econômico é inquestionável. A integração do Brasil a esse contexto ocorre durante o governo do Gen. Eurico Gaspar Dutra
(1946-1951), quando são rompidas as relações com a URSS e o PCB colocado na ilegalidade.

Já o "Mundo Socialista", sob liderança, também inquestionável, da União da Repúblicas Socialistas Soviéticas-URSS, é integrado pelas chamadas "Democracias Populares".

Na Europa Oriental estão sob influência soviética a Polônia, a Bulgária, a Romênia, a Checoslováquia, a Hungria, a República Democrática Alemã e a Albânia. Na Ásia, a República Popular da China, a Coréia do Norte e o Vietnã do Norte.
Na América, Cuba.
Em termos econômicos, essa bipolarização produz outro tipo de divisão: os países ricos, desenvolvidos  ou do 1º Mundo, e os países pobres, subdesenvolvidos, ou 3º Mundo. Apesar do esforço desenvolvimentista do governo JK nosso país continuará integrado ao bloco do 3º Mundo.

2.  A Viabilização  dos Objetivos de JK

O governo JK passou para a História como um momento de estabilidade política e de grande crescimento econômico. Sem dúvida alguma ele conseguiu contaminar a população do período com otimismo e euforia, a partir do famoso lema
"50 ANOS EM 5".






Ao assumir a presidência,  Juscelino encontrou um país ainda perturbado pelo suicídio de Getúlio Vargas (1954). A UDN, juntamente com alguns setores militares, foram incansáveis na oposição à posse de JK, acusando-o de ser apoiado pelos comunistas e identificando-o ao getulismo que tentavam exterminar da política nacional.

Em meio a turbulência política e social era preciso garantir um mínimo de estabilidade  e de consenso, que permitisse governar. Apesar das pressões do empresariado para diminuição da interferência do Estado na economia, das greves do início do período, das crises militares e da oposição radical da UDN, a política de negociação de JK tornou possível a estabilidade.
Assim, a política econômica do governo que se abriu para o capital externo foi bem aceita por vários setores da sociedade brasileira.

Por outro lado, os trabalhadores viram a possibilidade, que nem sempre se concretizou, de fazer parte dos consumidores  dos novos produtos que invadiram o mercado brasileiro. Ao mesmo tempo, eram criados empregos através da expansão do parque industrial e da melhoria dos serviços urbanos.

A política desenvolvimentista também, beneficiou as forças armadas, que contaram com o aumento de recursos financeiros, permitindo uma melhoria nos recursos bélicos (armamentos), assim como nos transportes e nas comunicações. Além disso, muitos oficiais das Forças Armadas ocuparam posições importantes no Poder Executivo. Aqueles envolvidos em tentativas de golpe foram anistiados e não deixaram de ser promovidos.
A esquerda, duramente perseguida nos governos anteriores, era tratada por JK com tolerância. O PCB, considerado partido ilegal desde 1947, atuava junto aos sindicatos e muitos de seus membros participavam abertamente de manifestações e negociações.
Com relação a oposição udenista, que insistia em denunciar escândalos da administração pública e tentava impedir a aprovação dos projetos do Executivo, JK procurava manter uma posição conciliadora e pacífica.

Finalmente, para colocar em prática o Plano de Metas, as relações do Executivo com o Legislativo tinham que ser as melhores possíveis. Afinal o Congresso tinha o controle do orçamento do país, podia derrubar vetos presidenciais e criar as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPI). A aliança PSD-PTB foi fundamental nesta relação, já que a maioria dos parlamentares   eram destes partidos e portanto foram em geral favoráveis aos projetos do Executivo.

Os órgãos criados e mobilizados pelo Executivo, formaram uma   "administração paralela", que deu uma grande capacidade de planejamento e independência do Executivo  em relação ao Legislativo. Estes órgãos estavam sob o controle direto da Presidência da República. O planejamento preciso, feito por técnicos destes órgãos, tornou fácil a aprovação financeira no Congresso, e isso acabou reforçando os poderes do Executivo.
Partidos políticos
UDN – União Democrática Nacional
PCB – Partido Comunista Brasileiro
PSD – Partido da Social Democracia
PTB – Partido Trabalhista Brasileiro






3.   Brasília:  "a síntese de todas as metas"

Símbolo maior do otimismo dos anos que ficaram conhecido como os  "anos dourados" foi sem dúvida a construção de Brasília, a nova capital do Brasil a partir de 1960.

JK dizia ter se resolvido pela criação da nova  capital em um comício, quando um popular lhe perguntara: "Já que o senhor se declara disposto a cumprir integralmente a Constituição, desejava saber se irá pôr em prática aquele dispositivo da Carta Magna que determina a transferência da capital da República para o planalto goiano." Juscelino respondeu que sim e transformou Brasília em sua meta síntese, fechando o programa de Metas.

Construir Brasília não significou apenas criar muito mais empregos, nem provocar uma onda migratória de brasileiros, que, além de construir uma nova cidade, esperavam uma vida melhor na nova capital. Brasília se transformou num símbolo  dos "50 anos em 5". Construí-la era prova de coragem, audácia, modernidade...
Porém, existe e outro lado da moeda. Construir Brasília nos custou muito caro. Os gastos com as obras foram elevados. Sua manutenção tornou-se excessivamente cara. A inflação ao final  do governo JK, teve na construção de Brasília um dos seus principais estimuladores.

No dia 21 de abril de 1960 a cidade idealizada por JK e projetada pelos arquitetos Oscar Niemeyer e Lúcio Costa foi inaugurada com muita festa e euforia...

4.   A Sociedade e a Cultura dos Anos Dourados.

Os anos do governo JK foram de efervescência social e cultural. O estilo moderno de vida estava invadindo as casas da classe média. As enceradeiras, liqüidificadores, panelas de pressão, as eletrolas de alta fidelidade e a televisão também eram acompanhadas por mudanças de comportamento.
A presença da música e do cinema americano influenciava nossa cultura. Nas grandes cidades cada vez mais adotava-se o "American way of life" quer dizer, o jeito americano de viver. O casamento, no entanto, por causa de nossas tradições católicas, continuava indissolúvel. O desquite era uma solução jurídica, contudo os desquitados não eram socialmente aceitos.

Nessa época, o automóvel, mais do que um meio de transporte, passa a ser um símbolo de status para as famílias. Para a rapaziada é um espaço sedutor para encontros íntimos, altamente desejado, mas cercado de proibições. As moças ainda não tinham "liberdade sexual".
Os jovens "moderninhos" adotavam os maneirismos próprios de uma "junventude transviada": correr de lambreta, usar jaqueta de couro e topetes caídos na testa. As moças usando o "slake", calça comprida feminina, dançavam o "Rock and Roll" e o "Twist". Lutavam por mais liberdades, sem, contudo, romper com estilo "moça de família" e casadoira.




Coca-Cola, chicletes e cigarros são produtos de consumo, indispensável para essa turma que ainda não se preocupava com as calorias, nem com o câncer do pulmão. Nessa época ainda não se conheciam bem os malefícios do açúcar e do fumo.

As poderosas indústrias fonográficas e cinematográficas dos EUA, invadiram as cidades com músicas e os filmes americanos, mas havia reações nacionalistas.

A música, o teatro, e até mesmo o cinema brasileiro são mais do que nunca ativos e revolucionários.
Exemplo disso é a "Bossa Nova", uma revolucionária mistura de jazz com samba e música clássica que revelou ao mundo grandes nomes da música brasileira como Vinícius de Moraes, Tom Jobim, João Gilberto, Carlos Lyra, Ronaldo Bôscoli, entre outros. O novo estilo considerado inicialmente como desafinado, impôs-se pelo talento de seus compositores e intérpretes que cantavam acompanhados apenas de um violão.

Imagine uma peça de teatro escrita por Vinícius de Moraes com músicas de Tom Jobim e cenários de Oscar Niemeyer: é "Orfeu da Conceição", grande sucesso de 1956. Neste mesmo ano Maria Clara Machado  lança seus cadernos de Teatros que incentivam a criação de grupos amadores.
Outros clássicos do período são "Eles não usam Black Tie" de Guarnieri e "O Pagador de Promessas" de Dias Gomes. Oduvaldo Vianna filho, o Vianinha lança os grandes sucessos "Mão na Luva" e "Rasga Coração",  e Augusto Boal ganha o primeiro Moliére em 1963.

No cinema, as chanchadas da Atlândida revelam ao mundo grandes humoristas como Grande Otelo e Oscarito. Jô Soares estréia em 1959, no filme "O homem do Sputinik". Chico Anísio faz o povo rir pela TV a partir de 1960.
O cinema de arte tem grandes lançamentos de Nelson Pereira dos Santos, Roberto Santos e Ruy Guerra. Em 1962 o filme "O pagador de promessa" de Anselmo Duarte ganha a Palma de Ouro no Grand Prix de Canes.
Com os filmes de Gláuber Rocha, (Deus e o Diabo na Terra do Sol, Terra em Transe) o cinema de arte passa por uma revolução  de linguagem e de temas que o mostrou como Cinema Novo.

A grande liberdade que reina no país, permite a crítica social e incentiva a produção artística.
Há um certo orgulho romântico de ser brasileiro, e um espírito  de luta e otimismo.
Os estudantes ligados a UNE fundam o Centro Popular de Cultura-CPC, que pretende levar  cultura e conscientização política, para os trabalhadores, através da arte. Juntos estão artistas e intelectuais apoiando os estudantes.

Destacam-se no cenário internacional feitos como o de Maria Ester Bueno que venceu o campeonato final de tênis de Wimbledon em 1957; a conquista da Copa do Mundo pela Seleção Brasileira de Futebol, em 1958; o título de campeão Mundial de Boxe na categoria "peso galo" conquistado por Eder Jofre em 1960 e a eleição da Miss Universo Ieda Maria Vargas em 1963.






O TEMPO NÃO PÁRA...
A euforia não duraria muito. A política desenvolvimentista resolvera alguns problema, adiara outros tantos e criara outros novos. Entre eles, o aumento da concentração de renda na região sudeste e a inflação que ameaçava sair do controle. Na periferia de Brasília, a miséria das cidades satélites afirmava-se como o outro lado da modernidade alcançada.
As crises, temporariamente adiadas, reapareceram já no fim do governo de JK. A Aliança PSD-PTB começou a balançar com o grande crescimento dos petebistas, que ameaçaram o tradicional domínio do PSD, Por outro lado, cresceu a participação dos militares, solicitados pelos políticos civis, que consideravam as manifestações populares no campo e na cidade como atividades que podiam destruir a ordem. A campanha eleitoral para a sucessão do presidente Kubitschek substituiu o otimismo pelo moralismo do candidato Jânio Quadros, que se apresentou como aquele que poderia acabar com o "caos no país". 
A esperança dos "anos dourados" virou radicalização na década de 60 .

ATIVIDADES – OS ANOS DOURADOS

1.Releia o item 1 e explique o que foi a bipolarização do mundo?
2.Releia o item 2 e responda de que maneira JK  agiu para  alcançar seus objetivos em relação aos segmentos abaixo.
a.      capital externo:
b.      trabalhadores:
c.      Congresso Nacional:

3. Releia os itens 3 e 4  e explique por que havia um certo orgulho romântico de ser brasileiro:
4. Pesquisa: procure alguma coisa, notícias, fotos, filmes, músicas, objetos, enfim qualquer coisa sobre os anos dourados. Apresente para a turma.


FUNERAL DE UM LAVRADOR
 João Cabral de Mello Netto

Esta cova em que estás
Com palmos medida
É a conta menor que tiraste em vida
É de bom tamanho
Nem largo nem fundo
É a parte que te cabe deste latifúndio
Não é cova grande
É cova medida
É a terra que querias ver dividida
É uma cova grande
Para teu pouco defunto
Mas estarás mais ancho que estavas no mundo
É uma cova grande
Para teu defunto parco
Porém mais que no mundo te sentirás largo
É uma cova grande
Para tua carne pouca
Mas a terra dada não se abre a boca


5. Este poema, que foi musicado por Chico Buarque, mostra como a produção cultural dos anos dourados ia fundo nos problemas sociais. Qual é a grande questão colocada nestes versos?

Revolução Industrial


·        O Sistema Manufatureiro na Inglaterra do século XVII

            É Sábado. Mal o dia começa e a cidade já se agita numa movimentação incomum. Ao longo da rua principal (Briggate) improvisam-se tablados, toscas barracas de madeira. Sobre elas os artesãos vão arrumando peça e mais peça de lã. Seu trabalho começara muitas horas antes. Ainda era noite escura quando toda a sua família juntara o tecido feito durante a semana, arrumando-o sobre as mulas ou carretas e dirigira-se à cidade (os artesãos em geral vivem no campo).
            Às sete horas da manhã os sinos da igreja ecoam pela cidade inteira: é o sinal para o início dos trabalhos. Em pouco tempo a rua enche-se de gente. Os comerciantes e seus empregados passeiam por entre as barracas, examinam as mercadorias, escolhem, distribuem, discutem o preço, compram. Em pouco tempo a Briggate torna-se pequena demais para abrigar tanto movimento. O comércio ganha as outras ruas, praças, tavernas, toda a cidade transforma-se num grande mercado. Porque hoje é sábado: dia de feira de lã em Leeds. A agitação continua por todo o dia. A calma só volta com a noite. Então, desfeitas as barracas, os artesãos retornarão ao campo, para preparar novas peças de lã, que serão vendidas no próximo sábado.
            Tal cena repetia-se toda a semana na cidadezinha de Leeds, no norte da Inglaterra, no século XVII. E não só aí, mas também em muitas cidades inglesas, pois era a lã a grande riqueza do país, nesse período. Sua produção e seu comércio ocupavam grande parte da população. A cidade se torna grande ponto de encontro para as trocas comerciais.
            Nas primeiras fases do estabelecimento da manufatura de lã, não havia indústrias. A produção de lã se fazia em sistemas familiares, por processos artesanais. A família inteira dedicava-se ao trabalho, no sistema doméstico de produção: um destrinchava a lã bruta, outro tingia, outro penteava. Começava-se a divisão do trabalho e a intensificação do comércio.
Com o tempo, a técnica foi aprimorada e a divisão do trabalho aumenta, fazendo crescer também a produção. Até que o surgimento da indústria veio marcar o século XVIII e trazer mudanças econômicas e sociais.

·        As condições de uma Revolução


Três fatores foram essenciais ao aparecimento da Revolução Industrial na Inglaterra:

ü      Mão-de-obra disponível: Trabalhadores não faltavam. Havia os antigos camponeses empregados na manufatura. E mais: grande número de pequenos proprietários rurais empobrecidos e levas e mais levas de camponeses expulsos dos campos pelos “cercamentos” (enclosures).

ü      Acumulação de capital: Capital também era abundante. Tinha-se acumulado progressivamente nas mãos de banqueiros e comerciantes, desde a grande expansão comercial, através dos saques, pirataria e tráfico de escravos e mercadorias (é a chamada acumulação primitiva de capital). E, afinal, dos metais preciosos do Novo Mundo. O monopólio comercial imposto pelos colonizadores estabelecia que os produtos retirados da América como os metais preciosos fossem para a metrópole. Quem mais se beneficiou com o ouro e a prata da América foi a Inglaterra, que se beneficiou com alguns tratados com outros países, como o Tratado de Methuen[1] com Portugal.


ü      Disponibilidade de recursos naturais: Os recursos naturais, como o carvão mineral, também eram fáceis de obter, pois muitos vinham das colônias inglesas e dos países que comerciavam com a Inglaterra a baixos preços.

·        A Fábrica
As fábricas do início da Revolução Industrial não apresentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condições das fábricas eram precárias. Eram ambientes com péssima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a empregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados chegavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.
Os trabalhadores reagiam das mais diferentes formas, destacando-se o movimento "ludista" (o nome vem de Ned Ludlan), caracterizado pela destruição das máquinas por operários, e o movimento "cartista", organizado pela "Associação dos Operários", que exigia melhores condições de trabalho e o fim do voto censitário. Destaca-se ainda a formação de associações denominadas "trade-unions", que evoluíram lentamente em suas reivindicações, originando os primeiros sindicatos modernos. O divórcio entre capital e trabalho resultante da Revolução Industrial, é representado socialmente pela polarização entre burguesia e proletariado. Esse antagonismo[2] define a luta de classes típica do capitalismo, consolidando esse sistema no contexto da crise do Antigo Regime.

·        Desdobramentos Sociais

Caixa de texto: Menina trabalhando numa fábrica de tecidosA Revolução Industrial alterou profundamente as condições de vida do trabalhador braçal, provocando inicialmente um intenso deslocamento da população rural para as cidades, com enormes concentrações urbanas. A produção em larga escala e dividida em etapas irá distanciar cada vez mais o trabalhador do produto final, já que cada grupo de trabalhadores irá dominar apenas uma etapa da produção. Na esfera social, o principal desdobramento da revolução foi o surgimento do proletariado urbano (classe operária), como classe social definida. Vivendo em condições deploráveis, tendo o cortiço como moradia e submetido a salários irrisórios com longas jornadas de trabalho, a operariado nascente era facilmente explorado, devido também, à inexistência de leis trabalhistas.
O desenvolvimento das ferrovias irá absorver grande parte da mão-de-obra masculina adulta, provocando em escala crescente a utilização de mulheres a e crianças como trabalhadores nas fábricas têxteis e nas minas. O agravamento dos problemas sócio-econômicos com o desemprego e a fome, foram acompanhados de outros problemas, como a prostituição e o alcoolismo.

·        Alguns destaques

Adam Smith à pensador escocês que questionava o benefício da indústria, o individualismo e o espírito de competição capitalista, o progresso econômico, o que o governo deveria fazer. Adam Smith foi considerado um liberal[3] pelas idéias que sustentava.
Thomas Malthus à Economista inglês acusava os próprios pobres de causarem sua pobreza por terem muitos filhos e não ter como alimentá-los. Assim a população aumentava mais que a quantidade de alimento, era o que acreditava. O que o governo deveria fazer? Para Malthus, nada. Por que com o apoio do governo (hospitais para pobres, aposentadoria para velhinhos, proteção para órfãos) a população iria crescer mais. Malthus acreditava que os ricos eram os responsáveis pelo desenvolvimento da economia pois investiam capital patrocinando artistas e inventores, logo, cobrar impostos deles para ajudar as classes pobres atrasaria o progresso da humanidade. O Parlamento Inglês tinha idéias semelhantes, acreditando que a ajuda do governo aos pobres só estimularia a preguiça.
O aço àHavia muito carvão na Europa e os mineiros começaram a extraí-lo. O carvão servia de combustível para as máquinas a vapor recentemente inventadas. Também podia ser aquecido e transformado em «coque», que é um combustível muito mais limpo (ideal para obter ferro e aço).
Aproximadamente na metade do século XIX, um homem chamado Henry Bessemer inventou o princípio do «alto-forno», que podia produzir grandes quantidades de aço de forma bastante econômica. Em breve a Europa produzia grandes quantidades de aço, o que mudou o mundo! O aço barato permitiu construir arranha-céus, grandes pontes, transatlânticos, automóveis, frigoríficos, etc., mas também poderosas armas e bombas. 
·        Caixa de texto: Máquina à vapor usada para retirar água nas minas de carvãoConclusão
A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou também o número de desempregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a mão-de-obra humana. A poluição ambiental, o aumento da poluição sonora, o êxodo rural e o crescimento desordenado das cidades também foram conseqüências nocivas para a sociedade. Até os dias de hoje, o desemprego é um dos grandes problemas nos países em desenvolvimento. Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios de governos no mundo todo. Os empregos repetitivos e pouco qualificados foram substituídos por máquinas e robôs. As empresas procuram profissionais bem qualificados para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criatividade e múltiplas capacidades. Mesmo nos países desenvolvidos têm faltado empregos para a população.
·        Alguns conceitos
Proletariado à indivíduo que trabalha em ofício manual ou mecânico em troca de salário, e deste salário vive.
Revolução Industrial Primeira Fase (1760 a 1860) à basicamente limitada à Inglaterra, com o desenvolvimento da indústria de tecidos de algodão e aperfeiçoamento das máquinas à vapor.
Revolução Industrial Segunda Fase (1860 a 1900) à espalha-se pela Europa, Estados Unidos e Japão. Principais inovações tecnológicas: utilização do aço, aproveitamento de energia elétrica e dos combustíveis petrolíferos, invenção do motor a explosão, da locomotiva e do barco à vapor e desenvolvimento de produtos químicos.
Ludismo à o ludismo foi uma das primeiras formas de luta dos trabalhadores. Para os artesãos o ludismo os preservava da concorrência da indústria moderna, sem máquinas eles teriam mais trabalho. Para os camponeses evitaria que as máquinas substituíssem seus empregos. E para os operários dessas fábricas era uma forma de pressionar o patrão a aumentar o salário. Pela característica destrutiva do movimento ludista, os patrões muitas vezes desistiam de reduzir o salário com medo que destruíssem sua fábrica. Porém o governo inglês criou leis e protegeu as fábricas contra os ludistas podendo até enforcar os operários rebeldes. Com o passar do século foram surgindo os sindicatos e a greve como forma de luta.
Caixa de texto: PRINCIPAIS AVANÇOS NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Þ Em 1733, John Kay inventa a lançadeira volante.
Þ Em 1767 James Hargreaves inventa a "spinning janny", que permitia a um só artesão fiar 80 fios de uma única vez.
Þ Em 1768 James Watt inventa a máquina à vapor.
Þ Em 1785 Edmond Cartwright inventa o tear mecânico.
Þ Em 1807 o norte-americano Fulton inventou o barco à vapor.
Þ Em 1834 o norte-americano Mcomick inventou uma máquina agrícola capaz de ceifar e colher masi rápido que muitos homens juntos.
Þ Em 1839 o francês Daguerre inventou a fotografia.
Þ Em 1879 Thomas Edison inventou a lâmpada elétrica, antes disso a energia elétrica não tinha uso doméstico.Cartismo à movimento importante porque permitiu ao proletariado alcançar consciência política. O proletariado não tinha força no governo porque não votava; somente os indivíduos com altos rendimentos poderiam votar. Então, a partir da década de 1830 os cartistas (operários, artesãos e alguns da pequena burguesia) se reuniam em comícios (reunião pública de cidadãos para tratar de assunto de interesse geral ou propaganda de candidatura a cargo eletivo), redigiram a Carta do Povo (por isso o nome cartismo) e a enviaram ao Parlamento inglês. Sua principal reivindicação era o sufrágio universal masculino (o direito de voto para todos os homens). Em 1867, operários especializados e a pequena burguesia conquistaram o direito ao voto.





Caixa de texto: Enquanto ocorria a Revolução Industrial na Inglaterra...

Nas Américas tínhamos a constituição de Estados-Nação e o reconhecimento de Independências;
No Brasil tínhamos lutas e revoltas em prol da Independência (1822), trabalho escravo (1888), indústrias a partir da metade do século XIX (18560/1860), já na segunda fase da revolução industrial.



Referências bibliográficas
SCHMIDT, Mário Furley. Nova História Crítica. Sétima série. São Paulo: Editora Nova Geração, 1999.
COTRIM, Gilberto. História e Consciência do Brasil – Da Independência aos dias atuais. 9ª edição. São Paulo: Editora Saraiva, 1996.
http://www.suapesquisa.com/industrial/
http://www.historianet.com.br


[1] Tratado de Methuen: Tratado entre Portugal e Inglaterra envolvendo as trocas comerciais de vinho e tecidos.

[2]  Antagonismo: Oposição, neste caso, entre a burguesia e o proletariado.
[3] Liberal econômicoà O Estado não deve intervir na economia, se preciso for, que seja o mínimo. Assim investimentos e comércio estariam liberados, funcionando de forma que a economia progredisse harmoniosamente.

Estados Unidos do Brasil


A República Velha 
estende-se de 1889 a 1930.
Teve ao todo 13 presidentes.
Pode-se dividi-la em duas fases: 
a militar e a  oligárquica

1. A REPÚBLICA DA ESPADA

A fase militar é também chamada de REPÚBLICA DA ESPADA, por ser comandada  por militares, e vai de 1889 a 1894.
O marechal DEODORO DA FONSECA(1889-1891)  esteve a frente do governo provisório que inicia com  a proclamação e  depois foi eleito pelo congresso constituinte. Por causa de seu autoritarismo fechou o congresso, mas foi deposto, tendo assumido em seu lugar o vice-presidente, o marechal FLORIANO PEIXOTO(1891-1894).
Estes dois primeiros presidentes  do Brasil, tinham em comum, além do fato de serem militares, a  naturalidade alagoana e uma mentalidade positivista. Isto quer dizer que eram influenciados pelas idéias, do filósofo francês Augusto Comte, chamadas de positivismo. Essas idéias estavam bastante difundidas entre a jovem oficialidade do Exército Nacional e muito tinham contribuído para a derrubada da  Monarquia. Em poucas palavras podemos dizer que os positivistas preocupavam-se em estabelecer os direitos civis e sociais , como educação e saúde, mas não  achavam importante defender  os direitos políticos, como  o voto e a organização partidária. Para eles, o Governo representaria a Pátria e sozinho deveria proteger as famílias, como se fosse o pai de todos. O lema positivista ORDEM E PROGRESSO, inscrito na bandeira republicana parecia querer impedir as muitas  opiniões e contestações à nova ordem estabelecida.
Mas nem todos queriam uma República positivista. Havia também os republicanos  conservadores-liberais que representavam  os  fazendeiros de café. Eles eram a maioria no congresso constituinte  e influíram na constituição republicana defendendo os interesses e privilégios dos donos de terras e dos negociantes e banqueiros.  Foram responsáveis também, pelo nome oficial:
REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL.
Outro grupo, o dos republicanos radicais, liderados por Silva Jardim e Lopes Trovão, lutavam para assegurar tanto os direitos civis quanto os direitos políticos do povo. Eram considerados exaltados, idealistas e até  inimigos da ordem, pelos conservadores, pois queriam além de saúde e educação fornecidas pelo Estado, o direito à terra para todos.





2. A REVOLUÇÃO FEDERALISTA

Como as províncias, agora chamadas de estados,  eram unidades autônomas e podiam organizar sua própria constituição, esses debates se estenderam  a nível regional, produzindo a partir do Rio Grande do Sul a chamada Revolução Federalista.  Os federalistas levantaram-se contra os republicanos positivistas que fizeram a constituição gaúcha e estavam no poder. Desejavam diminuir o extremo presidencialismo, isto é, o excesso de poder nas mãos dos presidentes do Brasil e do estado do Rio Grande do Sul. Para tanto propunham a adoção do  regime parlamentarista. Essa  foi uma guerra sangrenta que estendeu-se até o Rio de Janeiro, onde associou-se  a Revolta da Armada  na baía de Guanabara.
Contra essas rebeliões  o governo de Floriano agiu energicamente, graças ao apoio do Exército e do Partido Republicano Paulista.
 Floriano, chamado de o "Marechal de Ferro" consolidou o novo regime e garantiu  a sucessão presidencial que levou ao poder  a oligarquia cafeeira que o havia sustentado nos momentos decisivos. Em sua homenagem, Desterro, a capital de Santa Catarina  teve o nome mudado para Florianópolis.

3. A REPÚBLICA OLIGÁRQUICA  1894-1930

Período em que os grandes proprietários plantadores de café controlaram a República através de um esquema político-eleitoreiro que lhes garantia a continuidade no poder. Também chamada de República do Café.

oligarquia – governo de um grupo ou facção que só defende os próprios interesses

Essa fase  inicia em 1894 com a eleição do primeiro presidente civil, o bacharel PRUDENTE DE MORAIS(1894-1897). Natural de Itu-SP, representante da oligarquia cafeeira passou a ser conhecido como "pacificador", por anistiar  os  rebeldes da Revolução Federalista e Revolta da Armada. Mas  seu governo não teve a mesma comiseração para com  o povo de Canudos. O arraial  foi arrasado a ferro e fogo em 1897 .  Quando assistia  ao regresso de uma tropa vinda de Canudos, o presidente Prudente de Morais sofreu um atentado. Seu ministro da Guerra é quem acabou morrendo, ao tentar deter o assassino.

A POLÍTICA DOS GOVERNADORES
Os gastos das campanhas militares  haviam esgotado o Tesouro, de modo que   CAMPOS SALES (1898-1901) assumiu a presidência de um país falido. Adotou uma rígida política administrativa para recuperar a economia, impondo muitos sacrifícios ao povo. Renegociou a dívida externa e conseguiu novos empréstimos que equilibraram as contas da República. Também paulista, de Campinas, e representante dos cafeicultores, Campos Sales consolidou o domínio das oligarquias ao inaugurar a chamada "política dos governadores". Era  uma política de alianças e troca de favores políticos. Assim, o presidente favorecia os governadores, que favoreciam os coronéis que forneciam os votos.



Além dos coronéis havia também a Comissão de Verificação, para garantir o resultado favorável de uma eleição. Essa  comissão formada por deputados tinha o poder de legalizar, isto é, de reconhecer e oficializar os resultados .

Em 1898, enquanto Santos Dumont encanta  a cidade de Paris com seus balões  tripulados, chega ao Brasil uma nova maravilha: o cinema. Em 1900 é inaugurada a primeira linha de bonde elétrico em São Paulo.


RODRIGUES ALVES (1902-1906) de Guaratinguetá-SP, fez um governo de grandes reformas. 

O BARÃO DO RIO BRANCO

 O presidente Rodrigues Alves  convidou para o cargo de ministro das Relações Exteriores o Barão do Rio Branco, que permaneceu no cargo por mais três governos. Graças a seu sucesso em questões de limites, Rio Branco se tornou a  figura mais popular e admirada da República Velha. E o Brasil teve acréscimos substanciais em seu território, como a região das Palmas, no oeste dos estados de Santa Catarina e Paraná, negociada com a Argentina; o Amapá, negociado com a França; e o Acre, adquirido da Bolívia .

4. RIO DE JANEIRO, CARTÃO-POSTAL DA REPÚBLICA

O desejo das elites e dos intelectuais brasileiros da primeira República era transformar o Brasil em uma nação "civilizada", semelhante às nações européias. Principalmente a França, cuja capital, Paris, era o centro da cultura, da moda e da sofisticação, era o exemplo a ser seguido. Precisava-se, então, tomar uma série de medidas a fim de adaptar o Brasil ao modelo europeu.
Para tanto, o governo empenhou-se em promover o progresso e a modernização da cidade do Rio de Janeiro. - capital da República, centro financeiro e importante porto por onde se realizava o comércio externo.
Aliás, o crescimento do Rio de Janeiro tornava evidentes os problemas criados pela estrutura de tipo colonial desta cidade. As ruas estreitas dificultavam o transporte de mercadorias do porto até os diversos estabelecimentos comerciais.
A falta de higiene e a existência de áreas pantanosas contribuíam para transformar doenças, como a febre tifóide, a varíola e a febre amarela, em grandes epidemias. Na Europa, o medo das doenças tropicais prejudicava a vinda de mão de obra, ao mesmo tempo em que desestimulava a aplicação de capitais externos no Brasil.
Em função dessa realidade, os governos republicanos da época, realizaram reformas urbanas e sanitárias na capital. O objetivo era transformar o Rio de Janeiro na capital do progresso, num cartão postal da República brasileira.
Quem realizou a tarefa de remodelação do Rio de Janeiro foi o presidente Rodrigues Alves, por intermédio de seus assistentes: o  engenheiro e prefeito Pereira Passos e o médico responsável pelo setor de higiene e saneamento, Osvaldo Cruz.
 O sanitarista Osvaldo Cruz revolucionou a saúde pública combatendo a febre amarela e a varíola. Mas o governo, ao invés de educar a população, impôs pela força, a eliminação dos focos de proliferação de mosquitos  e de ratos, e a vacinação. A população, pouco esclarecida a respeito, se revoltou contra a obrigatoriedade da vacina.Com plenos poderes, o prefeito Pereira Passos promoveu uma verdadeira revolução urbana, destacando-se a modernização do porto e a abertura da avenida Central, atual avenida Rio Branco. Houve até mesmo um concurso para escolher a mais bela fachada de prédio da avenida - símbolo da moderna civilização brasileira.

5. LIMA BARRETO E A REPÚBLICA DO AVESSO

Conhecido como escritor "maldito", pela intensa crítica que fazia aos dirigentes do país, Lima Barreto protestava contra o projeto de modernização da cidade do Rio de Janeiro, denunciando que a cidade "moderna" que então se construía estava sendo erguida às custas da destruição do que já existia e da expulsão da população pobre que já não mais podia circular livremente pelo centro da cidade. Apenas para construir a Avenida Central,  foram demolidas 1681 habitações e quase 20 mil pessoas foram obrigadas a se deslocar para os subúrbios ou para os morros mais próximos. Um dos morros mais habitados era o morro da Favela, que acabou dando o nome a todos os demais morros habitados pelos pobres da cidade.
Para o autor, o governo republicano estimulava a separação entre dois mundos que não podiam viver separados, pois um dependia do outro: o mundo dos privilegiados e o mundo dos deserdados, ou, nas palavras do próprio autor, a cidade européia e a cidade indígena.

Sobre o ritmo acelerado da reforma urbana, lima Barreto escreveu: Como isso mudou. Então, de uns tempos para cá, parece que essa gente está doida; botam abaixo, derrubam casas, levantam outras, tapam as ruas, abrem outras... estão doidos. (Recordações do Escrivão Isaías Caminha).
Lima Barreto valorizava  o passado e o presente da História brasileira, procurando integrar todos os seus elementos, sem distinção racial ou social.
Com o seu trabalho de escritor, Lima Barreto conseguiu mostrar aos leitores de sua época, e também aos de hoje, a fragilidade do padrão de civilização imposto pela República que se iniciava. Segundo o autor, essa era uma República que se colocava acima de seu povo.
Euclides da Cunha foi outro autor de forte influência. Em 1902 publicou a obra  Os  Sertões, livro que teve grande impacto sobre a intelectualidade da época. Inspirado na revolta de Canudos, o livro de Euclides da Cunha revelava ao país, a situação da população rural brasileira, totalmente marginalizada pelo governo republicano. Para Euclides, era necessário integrar os sertões e o sertanejo à nação pois, eles constituíam  o centro a partir do qual se formaria a identidade nacional.


O TEMPO NÃO PÁRA


A busca de uma nação brasileira continuaria. Por um lado, o desafio de encontrar soluções para os problemas nacionais e a intenção de modernizar a cidade;  por outro lado, a preocupação de integrar o homem do campo com suas diversas etnias e culturas, na formação do povo brasileiro.

Deslocamentos da População


A História mostra: em cada lugar do País há sempre um brasileiro de mala pronta para buscar um destino melhor. Na viagem, espalha velhas culturas, cria novas e ajuda a construir uma identidade nacional.
ESTE POVO NÃO PARA

O brasileiro é um povo migrante. Sai do Nordeste para Minas, de Minas para Pernambuco, de Pernambuco para São Paulo...
Vai aonde tiver trabalho e uma vida melhor. Vai de vontade própria ou nem tanto. E não se amedronta se o destino é bem longe e muito diferente do lugar onde partiu.
Vai aos seringais da Amazônia, às indústrias do Sudeste ou às frentes agrícolas do Centro-Oeste e do Norte. Fica, volta, vai de novo. E não vai sozinho: leva hábitos e costumes.
Ou seja: não é só imigração externa que faz a cara e o jeito de ser do povo brasileiro. As migrações internas também espalham velhas culturas, criam novas e costuram uma identidade nacional, profundamente marcada pela diversidade.

AS PRIMEIRAS CORRENTES


No Século XVIII, dezenas de milhares de pessoas chegam a Minas Gerais em busca de riqueza, mais especificamente do ouro, recém-descoberto. Uma parcela vem da lavoura açucareira do Nordeste, que está em crise, mas vêm muitos portugueses – cerca de 25% da população da metrópole.
Com a mineração, a população da colônia aumenta dez vezes em pouco mais de 90 anos. Meio século depois da descoberta do ouro, a região das Minas é a mais rica da colônia e tem uma ampla rede urbana.
A cidade de Ouro Preto torna-se, em uma década, o maior centro minerador de ouro da América e guarda até hoje tesouros como a Igreja Nossa Senhora do Pilar, construída entre 1711 e 1733, com ilustrações em ouro, e a belíssima Igreja de São Francisco de Assis, de 1766, com arquitetura de Aleijadinho, considerada revolucionária para a época.
O ouro começa a escassear no final do século XVIII, quando já desponta outra fonte de riqueza, primeiro no Rio de Janeiro, depois em São Paulo: o café. O cultivo atrai mineiros em busca do “ouro negro”.

FINAL DO SÉCULO XIX

A Amazônia vive um período de grande prosperidade, em conseqüência da valorização da borracha no mercado internacional.
“As cidades crescem, enriquecem e se transformam. Belém, no delta, e Manaus, no curso médio do Rio Amazonas, tornam-se grandes centros metropolitanos, em cujos portos escalam centenas de navios que carregam borracha e descarregam toda a sorte de artigos industriais”.
A região atrai então, cerca de meio milhão de nordestinos, que fogem de uma seca prolongada, na qual teriam morrido mais de 100 mil pessoas.
Ainda no fim do século XIX, nordestinos migram para o sul, atraídos pelo cultivo de erva-mate do Paraná ou pela pecuária do Rio Grande do Sul.

SÉCULO XX: DÉCADAS DE 1930 E 40

Depois que o café entra em crise, em 1929, aumentam os investimento na indústria, nas regiões Sul e Sudeste. A migração se intensifica.
Em 1934 e 1940, o Estado de São Paulo recebe cerca de 322 mil migrantes – 67% são da Bahia e de outros Estados nordestinos.
Começa o processo de urbanização da população: 31,24% vivem nas cidades em 1940. Nos dez anos seguintes, registra-se em São Paulo um saldo migratório (diferença entre os que chegaram e os que saíram) de 362 mil pessoas. Os migrantes são, na maioria, nordestinos, que chegam de pau-de-arara.
A partir da conclusão da rodovia Rio – Bahia, em 1949, o pau-de-arara tornou-se o principal meio de transporte dos nordestinos em suas migrações para o Sudeste. Era um caminhão com a carroceria coberta por varas longitudinais, comparado aos paus usados, no interior do Brasil, para transportar arara e outras aves, chamados paus-de-arara. Segundo Câmara cascudo, o termo foi dado pelos próprios nordestinos e passou a significar não só o caminhão, mas também o migrante.
O Paraná também é área de atração na primeira metade do Século. Em 1920, uma empresa inglesa, a Companhia de Terras do Norte do Paraná, compra terras do Governo, divide em lotes e vende a pequenos agricultores, a maioria vinda do interior paulista. Na década de 40, grandes e médios produtores paulistas se instalam no Paraná, e nordestinos e mineiros migram para trabalhar nas fazendas como assalariados.    

DÉCADA DE 50

Intensifica-se o processo de urbanização: 36,16% da população vive nas cidades em 1950; em 1960, o índice sobre para 44,67%.
O Rio de Janeiro, ainda Capital Federal, é um importante ponto de destino de nordestinos que vêm para o Sudeste, procurando trabalho na construção civil e demais atividades tipicamente urbanas.
Juscelino Kubitschek assume a Presidência em 1956, dando início a um período de grande desenvolvimento em todas as áreas. Anuncia um governo com base no lema “Cinqüenta anos em cinco”. A construção de Brasília, inaugurada em 1960, é parte do plano e pede mão-de-obra para a construção civil. É preciso, também, criar sistemas rodoviários para comunicar a nova Capital Federal com outras regiões. Os trabalhadores – a maioria vinda de minas Gerais e do Nordeste – ficam conhecidos como candangos.
Como vocábulo africano, significava imperfeito, inferior, explica Câmara Cascudo. Mas o nome se modificou e passou a servir como título de honra, glorificando o operário de Brasília. “Os futuros intérpretes da civilização brasileira, ao analisar este período da nossa história, hão de deter-se com assombro ante a figura bronzeada desse titã anônimo, que é o candango, herói obscuro e formidável da construção de Brasília”, disse Juscelino, no discurso lido na nova capital, em 1960.
A outra corrente migratória expressiva da década é continuação da iniciada na década anterior, em direção à indústria paulista e à agricultura paranaense, ambas em fase de expansão.

DÉCADA DE 60

O Brasil deixa de ser rural para ser urbano. A população que vive nas cidades salta de 44,67% para 55,92%, no final da década.
É maior a concentração da pobreza nos núcleos urbanos. Aumenta o número de favelas, piora a qualidade de vida, principalmente para os migrantes.
“São Paulo, por exemplo, tinha uma grande oferta de empregos , mas era menor do que a procura. Começou, então, a surgir um núcleo e uma periferia na cidade. A periferia era a região mais pobre, com menos recursos e de onde era necessário fazer grandes viagens para chegar ao trabalho ou voltar para caso no fim do dia”.

As cidades passaram a ser um lugar de todos: dos que têm um trabalho urbano e dos que têm um trabalho rural. “Um bom exemplo disso são os bóias-frias, trabalhadores da cana-de-açúcar no interior de São Paulo. Apesar de trabalharem no campo, essas pessoas passaram a morar nas cidades, Acabou aquela imagem de casa da fazenda, em que moravam os funcionários e até o dono”.
Esta situação não é exclusiva de São Paulo. Mais de dois milhões de nordestinos e descendentes vivem em São Paulo. Sem dúvida, a maior cidade nordestina do Brasil”. Diz Neide Patarra. A população nordestina na cidade de São Paulo é maior que a do Estado de Sergipe, que tem 1,7 milhões de habitantes. O Rio de Janeiro também vive uma explosão demográfica, principalmente pela chegada de migrantes nordestinos. Entre 1970 e 1980, 11% da população do País mora no Rio de Janeiro e em São Paulo. E morar mal passou a ser fato comum nas grandes cidades. Dados de 1996 da Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo constatam que 2 milhões de pessoas vivem em favelas na capital paulista.
A reurbanização do Rio de Janeiro do fim do século XIX expulsou muita gente dos cortiços. O Cabeça de Porco, foi demolido em 1893. Os moradores mudaram-se para o morro da Providência. Em 1897, tropas vindas da Guerra de Canudos foram abrigadas nesse morro, chamado de favela – referência ao morro da Favela, de Canudos. O nome passou a designar o morro da Providência e, aos poucos, os conglomerados dos outros morros.

DÉCADA DE 70

Prossegue a urbanização da população. No final da década, é de 67,57% a população que vive nas cidades contra apenas 32,43% que vive no campo, numa inversão completa da situação de 40 anos antes.
No campo, mais de um milhão de migrantes seguem os planos de colonização do governo e partem rumo às fronteiras agrícolas. Gaúchos e paranaenses, principalmente, vão colonizar o Centro-Oeste e o Norte do país.
“Eles subiam aos poucos. Começavam no Centro-Oeste e, se não dava certo, iam para o Norte”, diz a professora Neide Patarra. Alguns atravessaram as fronteiras do País, pelo Mato Grosso do Sul e Paraná, e se instalaram no Paraguai.

nova busca


A partir de 1980, há uma intensificação na busca por cidades de médio porte, algumas do interior.
“As cidades de porte médio passaram a oferecer facilidades educacionais e de comunicações. Muitas fábricas investiram em cidades fora das metrópoles, que passaram a ter maior dinâmica econômica. E, se antes a migração era um fenômeno típico das classes baixas, hoje a saída da metrópole também é feita pela classe média. Muitos fogem da violência e da poluição de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo”.
Surge, também, a migração temporária. O migrante não vê a cidade destino como um lugar para viver pelo resto da vida. Há um contingente de pessoas que se movimenta constantemente, em um processo circular. Além de temporária, é uma migração de curta distância, ou seja, para cidades ou regiões próximas.

O turismo também pode acolher muitos trabalhadores. “Regiões como o Pantanal e o litoral brasileiro ainda crescerão muito por causa do turismo. Surgirão novos empregos”. E, onde há trabalho, há um brasileiro em busca de uma nova oportunidade, mesmo que o destino seja bem longe e muito diferente do lugar de onde partiu.




ATIVIDADES



Quando eu vim do sertão, seu moço
Do meu bodocó
A maleta era um saco
E o cadeado era um nó
Só trazia coragem e a cara
Viajando no pau-de-arara
eu penei
Mas aqui cheguei

Trouxe um triângulo, no matulão
Trouxe um gongê, no matulão
Trouxe a zabumba dentro do matulão
Xote, maracatu e baião
Tudo isso eu trouxe
no meu matulão

Da canção Pau-de-arara, de Guio de Morais e Luiz Gonzaga
O meu pai era paulista
meu avô pernambucano
o meu bisavô mineiro
meu tataravô baiano
vou na estrada há muitos anos
sou um artista brasileiro

Da canção Paratodos, de Chico Buarque



1.       Procure no dicionário e copie no seu caderno o significado das palavras: migrante, imigrante, migrar, imigrar.
2.     Desenhe ilustrações para os versos acima. Procure interpretar o sentimento dos migrantes.
3.     Em seu caderno, faça um esquema apresentando cronologicamente o motivo e a direção das migrações ao longo do tempo. ( localização no tempo e no espaço )
4.     Faça mapas das migrações. Um para cada século. Desenhe os contornos do mapa do Brasil em uma folha e localize com linhas e flechas as regiões de saída e destino das migrações.
5.     Pesquise sobre sua família. Descubra se há migrantes entre seus parentes e ancestrais, o destino e o motivo das migrações.
6.     Redação: comente sobre as migrações, pessoas que migraram e se há em seu projeto de vida a intenção de sair do Rio de Janeiro.