Os estudantes de Montevideo
O Uruguai é um país de gente bem educada. Apenas 4% da população não sabe ler.
Há boas escolas públicas. As crianças usam um avental branco de mangas compridas e botões nas mangas, acinturado como um vestido, que lhes vai até a canela, fechado na frente, com gola enorme, tipo babado e um enorme laço de fita comprida e larga, de cor azul marinho, como se fosse uma gravata, mas que vive desatado ou caindo pela cintura. Creio que há muitas crianças pobres e por isso mal arrumadas, não como deveria ser. Em Montevideo de vez em quando se cruza com um grupo, tangido por uma professora, indo a visitar algum museus. As crianças são ordeiras. Não fazem algazarra. Os alunos de uma escola particular passaram por mim, bem arrumados, com camisas azuis, gravatas e blusa azul marinho. Muito elegantes, porém mais tristes. Falavam baixo. Tinham caras de abandonados.
A tarde havia uma manifestação de estudantes de liceo, o ensino médio. Estes, adolecentes típicos, pela rebeldia e irreverência. Contudo, nunca vi uma baderna tão organizada. Havia adultos também, professores e pais, mas só os jovens comandavam.
Saíram as ruas com cabelos pintados, faixas, cartazes, bandeiras dos times de futebol, sombrinhas e guarda-chuvas. Ao chegarem a Avenida 18 de Julho, um grupo de batedores, de motonetas e bicicletas, empunhando enormes bandeiras, fechou o trânsito.
A polícia assistia sem participar, nem mesmo do controle do tráfego. Tirei fotos e entrevistei alguns, para entender o que se passava. Estavam tão agitados, eufóricos. Protestavam contra a redução nas verbas para a educação.
Novidade, não é?
Bom, pelo menos aqui eles protestam.
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