quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Estados Unidos do Brasil


A República Velha 
estende-se de 1889 a 1930.
Teve ao todo 13 presidentes.
Pode-se dividi-la em duas fases: 
a militar e a  oligárquica

1. A REPÚBLICA DA ESPADA

A fase militar é também chamada de REPÚBLICA DA ESPADA, por ser comandada  por militares, e vai de 1889 a 1894.
O marechal DEODORO DA FONSECA(1889-1891)  esteve a frente do governo provisório que inicia com  a proclamação e  depois foi eleito pelo congresso constituinte. Por causa de seu autoritarismo fechou o congresso, mas foi deposto, tendo assumido em seu lugar o vice-presidente, o marechal FLORIANO PEIXOTO(1891-1894).
Estes dois primeiros presidentes  do Brasil, tinham em comum, além do fato de serem militares, a  naturalidade alagoana e uma mentalidade positivista. Isto quer dizer que eram influenciados pelas idéias, do filósofo francês Augusto Comte, chamadas de positivismo. Essas idéias estavam bastante difundidas entre a jovem oficialidade do Exército Nacional e muito tinham contribuído para a derrubada da  Monarquia. Em poucas palavras podemos dizer que os positivistas preocupavam-se em estabelecer os direitos civis e sociais , como educação e saúde, mas não  achavam importante defender  os direitos políticos, como  o voto e a organização partidária. Para eles, o Governo representaria a Pátria e sozinho deveria proteger as famílias, como se fosse o pai de todos. O lema positivista ORDEM E PROGRESSO, inscrito na bandeira republicana parecia querer impedir as muitas  opiniões e contestações à nova ordem estabelecida.
Mas nem todos queriam uma República positivista. Havia também os republicanos  conservadores-liberais que representavam  os  fazendeiros de café. Eles eram a maioria no congresso constituinte  e influíram na constituição republicana defendendo os interesses e privilégios dos donos de terras e dos negociantes e banqueiros.  Foram responsáveis também, pelo nome oficial:
REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL.
Outro grupo, o dos republicanos radicais, liderados por Silva Jardim e Lopes Trovão, lutavam para assegurar tanto os direitos civis quanto os direitos políticos do povo. Eram considerados exaltados, idealistas e até  inimigos da ordem, pelos conservadores, pois queriam além de saúde e educação fornecidas pelo Estado, o direito à terra para todos.





2. A REVOLUÇÃO FEDERALISTA

Como as províncias, agora chamadas de estados,  eram unidades autônomas e podiam organizar sua própria constituição, esses debates se estenderam  a nível regional, produzindo a partir do Rio Grande do Sul a chamada Revolução Federalista.  Os federalistas levantaram-se contra os republicanos positivistas que fizeram a constituição gaúcha e estavam no poder. Desejavam diminuir o extremo presidencialismo, isto é, o excesso de poder nas mãos dos presidentes do Brasil e do estado do Rio Grande do Sul. Para tanto propunham a adoção do  regime parlamentarista. Essa  foi uma guerra sangrenta que estendeu-se até o Rio de Janeiro, onde associou-se  a Revolta da Armada  na baía de Guanabara.
Contra essas rebeliões  o governo de Floriano agiu energicamente, graças ao apoio do Exército e do Partido Republicano Paulista.
 Floriano, chamado de o "Marechal de Ferro" consolidou o novo regime e garantiu  a sucessão presidencial que levou ao poder  a oligarquia cafeeira que o havia sustentado nos momentos decisivos. Em sua homenagem, Desterro, a capital de Santa Catarina  teve o nome mudado para Florianópolis.

3. A REPÚBLICA OLIGÁRQUICA  1894-1930

Período em que os grandes proprietários plantadores de café controlaram a República através de um esquema político-eleitoreiro que lhes garantia a continuidade no poder. Também chamada de República do Café.

oligarquia – governo de um grupo ou facção que só defende os próprios interesses

Essa fase  inicia em 1894 com a eleição do primeiro presidente civil, o bacharel PRUDENTE DE MORAIS(1894-1897). Natural de Itu-SP, representante da oligarquia cafeeira passou a ser conhecido como "pacificador", por anistiar  os  rebeldes da Revolução Federalista e Revolta da Armada. Mas  seu governo não teve a mesma comiseração para com  o povo de Canudos. O arraial  foi arrasado a ferro e fogo em 1897 .  Quando assistia  ao regresso de uma tropa vinda de Canudos, o presidente Prudente de Morais sofreu um atentado. Seu ministro da Guerra é quem acabou morrendo, ao tentar deter o assassino.

A POLÍTICA DOS GOVERNADORES
Os gastos das campanhas militares  haviam esgotado o Tesouro, de modo que   CAMPOS SALES (1898-1901) assumiu a presidência de um país falido. Adotou uma rígida política administrativa para recuperar a economia, impondo muitos sacrifícios ao povo. Renegociou a dívida externa e conseguiu novos empréstimos que equilibraram as contas da República. Também paulista, de Campinas, e representante dos cafeicultores, Campos Sales consolidou o domínio das oligarquias ao inaugurar a chamada "política dos governadores". Era  uma política de alianças e troca de favores políticos. Assim, o presidente favorecia os governadores, que favoreciam os coronéis que forneciam os votos.



Além dos coronéis havia também a Comissão de Verificação, para garantir o resultado favorável de uma eleição. Essa  comissão formada por deputados tinha o poder de legalizar, isto é, de reconhecer e oficializar os resultados .

Em 1898, enquanto Santos Dumont encanta  a cidade de Paris com seus balões  tripulados, chega ao Brasil uma nova maravilha: o cinema. Em 1900 é inaugurada a primeira linha de bonde elétrico em São Paulo.


RODRIGUES ALVES (1902-1906) de Guaratinguetá-SP, fez um governo de grandes reformas. 

O BARÃO DO RIO BRANCO

 O presidente Rodrigues Alves  convidou para o cargo de ministro das Relações Exteriores o Barão do Rio Branco, que permaneceu no cargo por mais três governos. Graças a seu sucesso em questões de limites, Rio Branco se tornou a  figura mais popular e admirada da República Velha. E o Brasil teve acréscimos substanciais em seu território, como a região das Palmas, no oeste dos estados de Santa Catarina e Paraná, negociada com a Argentina; o Amapá, negociado com a França; e o Acre, adquirido da Bolívia .

4. RIO DE JANEIRO, CARTÃO-POSTAL DA REPÚBLICA

O desejo das elites e dos intelectuais brasileiros da primeira República era transformar o Brasil em uma nação "civilizada", semelhante às nações européias. Principalmente a França, cuja capital, Paris, era o centro da cultura, da moda e da sofisticação, era o exemplo a ser seguido. Precisava-se, então, tomar uma série de medidas a fim de adaptar o Brasil ao modelo europeu.
Para tanto, o governo empenhou-se em promover o progresso e a modernização da cidade do Rio de Janeiro. - capital da República, centro financeiro e importante porto por onde se realizava o comércio externo.
Aliás, o crescimento do Rio de Janeiro tornava evidentes os problemas criados pela estrutura de tipo colonial desta cidade. As ruas estreitas dificultavam o transporte de mercadorias do porto até os diversos estabelecimentos comerciais.
A falta de higiene e a existência de áreas pantanosas contribuíam para transformar doenças, como a febre tifóide, a varíola e a febre amarela, em grandes epidemias. Na Europa, o medo das doenças tropicais prejudicava a vinda de mão de obra, ao mesmo tempo em que desestimulava a aplicação de capitais externos no Brasil.
Em função dessa realidade, os governos republicanos da época, realizaram reformas urbanas e sanitárias na capital. O objetivo era transformar o Rio de Janeiro na capital do progresso, num cartão postal da República brasileira.
Quem realizou a tarefa de remodelação do Rio de Janeiro foi o presidente Rodrigues Alves, por intermédio de seus assistentes: o  engenheiro e prefeito Pereira Passos e o médico responsável pelo setor de higiene e saneamento, Osvaldo Cruz.
 O sanitarista Osvaldo Cruz revolucionou a saúde pública combatendo a febre amarela e a varíola. Mas o governo, ao invés de educar a população, impôs pela força, a eliminação dos focos de proliferação de mosquitos  e de ratos, e a vacinação. A população, pouco esclarecida a respeito, se revoltou contra a obrigatoriedade da vacina.Com plenos poderes, o prefeito Pereira Passos promoveu uma verdadeira revolução urbana, destacando-se a modernização do porto e a abertura da avenida Central, atual avenida Rio Branco. Houve até mesmo um concurso para escolher a mais bela fachada de prédio da avenida - símbolo da moderna civilização brasileira.

5. LIMA BARRETO E A REPÚBLICA DO AVESSO

Conhecido como escritor "maldito", pela intensa crítica que fazia aos dirigentes do país, Lima Barreto protestava contra o projeto de modernização da cidade do Rio de Janeiro, denunciando que a cidade "moderna" que então se construía estava sendo erguida às custas da destruição do que já existia e da expulsão da população pobre que já não mais podia circular livremente pelo centro da cidade. Apenas para construir a Avenida Central,  foram demolidas 1681 habitações e quase 20 mil pessoas foram obrigadas a se deslocar para os subúrbios ou para os morros mais próximos. Um dos morros mais habitados era o morro da Favela, que acabou dando o nome a todos os demais morros habitados pelos pobres da cidade.
Para o autor, o governo republicano estimulava a separação entre dois mundos que não podiam viver separados, pois um dependia do outro: o mundo dos privilegiados e o mundo dos deserdados, ou, nas palavras do próprio autor, a cidade européia e a cidade indígena.

Sobre o ritmo acelerado da reforma urbana, lima Barreto escreveu: Como isso mudou. Então, de uns tempos para cá, parece que essa gente está doida; botam abaixo, derrubam casas, levantam outras, tapam as ruas, abrem outras... estão doidos. (Recordações do Escrivão Isaías Caminha).
Lima Barreto valorizava  o passado e o presente da História brasileira, procurando integrar todos os seus elementos, sem distinção racial ou social.
Com o seu trabalho de escritor, Lima Barreto conseguiu mostrar aos leitores de sua época, e também aos de hoje, a fragilidade do padrão de civilização imposto pela República que se iniciava. Segundo o autor, essa era uma República que se colocava acima de seu povo.
Euclides da Cunha foi outro autor de forte influência. Em 1902 publicou a obra  Os  Sertões, livro que teve grande impacto sobre a intelectualidade da época. Inspirado na revolta de Canudos, o livro de Euclides da Cunha revelava ao país, a situação da população rural brasileira, totalmente marginalizada pelo governo republicano. Para Euclides, era necessário integrar os sertões e o sertanejo à nação pois, eles constituíam  o centro a partir do qual se formaria a identidade nacional.


O TEMPO NÃO PÁRA


A busca de uma nação brasileira continuaria. Por um lado, o desafio de encontrar soluções para os problemas nacionais e a intenção de modernizar a cidade;  por outro lado, a preocupação de integrar o homem do campo com suas diversas etnias e culturas, na formação do povo brasileiro.

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