quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Panorama


A MODERNIZAÇÃO DO BRASIL CONTEMPORÂNEO

                       
 O Brasil de hoje é um país de contrastes. Se por um lado há muitos pobres e analfabetos há também riqueza, alta tecnologia e confortos da  vida moderna.
Através de um panorama sobre a  questão da modernização procuraremos responder  quais foram  as ações e os avanços tecnológicos e científicos que modernizaram o Brasil  e como essa modernização afetou a vida  e os costumes da população.
Para tanto vamos conhecer um pouco da evolução da  indústria, da educação, da agricultura, das telecomunicações, e principalmente  do mais importante veículo de comunicação de massas: a televisão.

1. A MODERNIZAÇÃO INDUSTRIAL E TECNOLÓGICA

 Os governos militares investiram amplamente na modernização industrial e tecnológica do Brasil.
O Estado  tomou a iniciativa, criando milhares de empresas estatais. De certa forma essas  estatais deram continuidade  à política do Estado Novo quanto ao controle de setores  considerados estratégicos na economia. Assim, ao lado da Companhia Vale do Rio Doce, da Companhia Siderúrgica Nacional e da Petrobrás, vieram também a Embratel, Embraer, a Infraero, a Telebrás, etc.
Através desse "capitalismo" de Estado, foi possível  implantar em poucos anos um moderno parque industrial, de telecomunicações e de serviços, que colocaram o Brasil entre as 12 maiores potencias industrializadas do mundo, durante a década de 1970.


2. EDUCAÇÃO TECNICISTA

 Visando  a qualificação da mão de obra foi implantado o ensino tecnicista, isto é, de formação de técnicos, através da reforma de ensino da Lei 5692/71. O curso de II Grau passou a ser  profissionalizante, mas  não foram feitos investimentos suficientes para  equipar as escolas e para a formação de professores.

A valorização dos profissionais de nível superior provocou uma corrida aos cursos universitários. Como as vagas não eram suficientes, surgiram os cursinhos preparatórios para o vestibular, bem como um grande número de faculdades particulares.
O número de pessoas sem acesso a escola também foi muito grande nesse período. Apesar do grande desenvolvimento, o analfabetismo permaneceu, e até ampliou-se em certas regiões. Muitos jovens não tiveram a oportunidade de estudar porque cedo tiveram que trabalhar para ajudar no sustento da família.
O projeto Mobral foi uma tentativa do governo de atender  a essa população. O rádio foi utilizado para levar educação ao povo, e milhares de salas de alfabetização foram criadas em todo o país. O êxito, no entanto, foi pequeno, pois as pessoas carentes  não prosseguiam os estudos após  o rápido processo de alfabetização, e acabavam esquecendo tudo.
A televisão também passou  produzir programas educativos. O telecurso II Grau, lançado em 1978, foi um precursor,  bem sucedido, do curso que hoje  você está fazendo.
Nos anos 80 a educação  passou a ser influenciada pelas pedagogias progressistas,  que visam desenvolver o  pensamento crítico do aluno, voltado para a sua realidade e para as questões políticas que afetam a sua vida. Destaca-se nesse cenário o educador Paulo Freire que criou uma teoria baseada na crença de que todo homem é capaz de aprender, bastando tomar consciência de si mesmo e da realidade que o rodeia.



3. A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA

A agricultura brasileira, desde os tempos coloniais, caracterizou-se pelo latifúndio agroexportador. Isso quer dizer que a propriedade da terra era concentrada, e que esses grandes proprietários preferiam produzir artigos para a exportação, como o açúcar, o café, e mais recentemente  a soja. Nos latifúndios, os trabalhadores podiam produzir em parceria com o proprietário, os alimentos para o seu consumo e até vender o que sobrasse. De fato, os parceiros, junto com pequenos produtores e posseiros, abasteciam as cidades.
 No final dos anos 60, o governo brasileiro  passou a incentivar  a modernização da agricultura, pela mecanização e uso de  produtos químicos. As empresas rurais tiveram acesso a linhas de financiamento para a aquisição de tratores, adubos e fertilizantes e para a implantaçãao de novos estabelecimentos.
No entanto, esses  empréstimos estavam condicionados a uma especialização da agricultura, que garantisse o seu pagamento.

Assim como a indústria, a agricultura também se modernizou mais nas regiões sudeste e sul. Nessa área, na década de 70, as grandes empresas agropecuárias  expandiram-se e o preço da terra subiu muito. Por isso verificou-se a migração de agricultores gaúchos, catarinenses e paranaenses para a região  Centro Oeste e a Amazônia. Esses agricultores vendiam suas pequenas propriedades no sul  e compravam grandes  fazendas de terras virgens no oeste.
 Grandes empreendimentos agropecuários de empresas nacionais e até multinacionais também se  dirigiram para  as novas fronteiras agrícolas.
Havia uma mentalidade de que as terras do centro oeste e da amazônia eram desabitadas. No entanto, havia posseiros, ou seja, pessoas que habitavam e trabalhavam a terra sem ter  a escritura de propriedade, e as comunidades indígenas. Isso ocasionou graves  e violentos conflitos.
No Nordeste  a agricultura   sofreu menos alterações. O tradicional cultivo da cana, na  Zona da Mata, expandiu-se e mecanizou-se, impulsionado pelo Proálcool, a partir de 1976. Com isso diminuiu o número de sitiantes  pequenos produtores de alimentos , e aumentou o número de trabalhadores rurais assalariados.
No agreste, foram feitos investimentos em açudes e  barragens, por parte do governo, mas não foram suficientes para impedir os efeitos devastadores das secas sobre a população. As pequenas propriedades  insuficientes para alimentar as famílias, continuaram exportadoras de mão de obra para a região sudeste, e de posseiros para  o centro oeste e amazônia.
Nas últimas décadas a produção agropecuária aumentou muito, com  a mecanização, novas técnicas e o uso de adubos e fertilizantes. Empresas  como a Embrapa e a Emater, ao lado dos  centros de pesquisas universitários, desenvolveram novas técnicas, novas variedades e  projetos de assistência ao produtor rural. E a televisão e a imprensa passaram a ter programas e publicações especializadas em agropecuária. A produtividade passou a bater recordes a cada nova safra.
A utilização  intensiva das terras e a mecanização, trouxe consequências para os trabalhadores, que passaram a morar fora das propriedades rurais, em favelas, nas periferias das cidades. São os chamados bóias-frias, que deslocam-se diariamente para trabalhar nas fazendas, de acordo com a oferta de serviço.
Para o homem do campo as novas relações capitalistas de produção também trouxeram  novos problemas a serem resolvidos, mais na esfera política do que técnológica. Principalmente no que diz respeito ao acesso à terra e à distribiução da riqueza produzida.

As cidades já não servem de válvula de escape para os trabalhadores rurais sem terra, e como vimos, as novas regiões colonizadas a partir da década de 70 já apresentam suas fronteiras fechadas.
Uma nova modernização, agora política, se faz necessária no campo brasileiro. Uma modernização da redistribuição da terra, a tão sonhada reforma agrária. Apesar da sólida produção de implementos agrícolas, de produtos químicos não poluentes, de  técnicas de irrigação e manejo, no Brasil, apenas 1/5 das terras produtivas estão ocupadas. A reforma agrária se destinaria a fixar as populações no campo, dando-lhes  condições de tornar produtiva a sua terra. Também implicaria numa descentralização de unidades industriais e de serviços, beneficiando as cidades do interior, e aliviando a pressão sobre as  metrópoles.

 PROBLEMAS AMBIENTAIS
Uma grave consequência do desenvolvimentismo brasileiro, foi que ele não se preocupou com o meio ambiente. A falta de uma legislação específica, ou a falta de fiscalização, permitiu a degradação ambiental  nas áreas de maior concentração industrial e também nas áreas de agricultura intensiva.
Preocupados com a deterioração da natureza, ambientalistas brasileiros e estrangeiros passaram a pressionar o governo  a fim de adotar medidas de proteção. Sendo o Brasil possuidor de imensas reservas florestais, como a amazônia,  a preocupação  foi maior, pois o desequilíbrio ecológico no Brasil afetará todo o planeta. Assim o Brasil foi escolhido para sediar a Conferência  das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em 1992.


4.  A EVOLUÇÃO DAS TELECOMUNICAÇÕES INTEGRANDO O BRASIL

Hoje, mais do que nunca, a comunicação é vital. É dela que decorre o conhecimento, a informação.É ela que vai influir no progresso dos mais diversos setores da vida do país: educação, saúde, economia, agricultura, recreação... Além de aproximar as pessoas pelo telefone, informar, divertir e educar pela televisão, o desenvolvimento das telecomunicações permitiu a integração  das redes bancárias, de informações, de segurança do tráfego aéreo, de previsões meteorológicas, etc.
Os governos militares implantaram um ambicioso plano de desenvolvimento das comunicações que pudesse colaborar para a expansão da economia, em curto espaço de tempo.Com vistas a essa finalidade foi criada, em 1965, a Embratel, destinada a implantar e operar os serviços de telecomunicações: telex, telefone, fac-símile, transmissões via satélite.
Em 1969 os brasileiros puderam assistir  a  chegada do homem à Lua, em  transmissão de TV, via satélite.
Em 1970 entrou em operação o primeiro   sistema DDD- Discagem Direta a Distância, entre Porto Alegre e São Paulo. Na década de 1980 o Brasil interligou-se,  pela discagem direta, com outros países.

HISTÓRICO DA TV BRASILEIRA
"Setembro de 1950; o Brasil ainda se recupera da derrota na Copa do Mundo. Um gol de Gighia que calou o Maracanã e todo o País. Na política, a certeza da volta de GetúlioVargas, desta vez através de uma eleição. E o rádio é uma coqueluche nacional, lançando sucessos e criando ídolos. É nesse panorama que surge a primeira emissora de TV brasileira. A  TV  Tupi - Difusora, canal 3 de São Paulo, entra no ar às 21 horas de 18 de setembro de 1950."      (Rafael Casé, in Revista de Comunicação, agosto, 1990)
Nessa noite, em que tudo se improvisou,  foi ao ar, para cerca de 200 aparelhos receptores colocados em lugares públicos, o programa TV na Taba, dirigido por Cassiano Gabus Mendes, e que contou com a presença  de Hebe Camargo, Lolita Rodrigues, Mazzaroppi, Lima Duarte e muitos outros artistas.
Ao longo da década de 50 outras emissoras foram surgindo,  mas a televisão, pelo alto preço de um aparelho, e também pelo tipo de programação, era assistida por poucos.
Nos anos 60 o surgimento do  Vídeo Tape, ou VT, possibilitou a gravação dos programas e das novelas, que até então eram feitas ao vivo.  O VT, além de melhorar muito a qualidade da programação, possibilitou a formação das redes de televisão, ou seja, um mesmo programa, ou  telejornal, poderia ser  reproduzido por outras emissoras.
Já no final da década de 1960, a  TV deixava de ser elitista e passava a agradar  um público variado, de todas as idade e camadas sociais.
A década de 70 é marcada pelo crescimento da TV Globo, fundada em 1965. Utilizando a transmissão  por satélite, que é simultânea, transformou-se em pouco tempo, numa rede de emissoras, que integrava o Brasil na chamada  "aldeia global".
Em 1972 iniciam-se as transmissões  de TV a cores, tendo sido pioneira, a TV Difusora de Porto Alegre.
A televisão brasileira atingiu um nível de  qualidade reconhecido internacionalmente, nos anos 80, pelas suas novelas, telejornais e transmissões esportivas, que passaram a ser apresentados  em diversos países.

   "Quem não se comunica, se trumbica"
A frase de Chacrinha, um grande "comunicador" da história da televisão brasileira,  traduz muito bem a importância alcançada pela TV nos dias atuais. Transformada em veículo de comunicação de massa desde os anos 60, a TV brasileira  fez história. Influenciou gerações, contribuiu para mudar hábitos e costumes, divertiu e informou. Também funcionou como uma válvula de escape, proporcionando às famílias brasileiras momentos de divertimento e emoção.       
            Uma das grandes atrações da TV brasileira nos anos 60 foram os "shows"- programas de entrevistas, de músicas e de calouros, assim como era o programa do Chacrinha. 
            Outra grande atração do início dos anos 60 foram as telenovelas. A possibilidade de acompanhar dia a dia o desenrolar de histórias dramáticas bem ao estilo das novelas de rádio, mas que agora podiam ser vistas e ouvidas, encantava homens e mulheres.
            A emissora campeã de audiência era a TV Excelsior e um dos motivos para essa liderança foi justamente a novela "2-5499, ocupado". Encenada por Glória Menezes e Tarcísio Meira,   Outra novela que arrancou lágrimas dos telespectadores foi "O direito de nascer". Já no final dos anos 60, a novela Beto Rockfeller conseguia arrancar risos ao invés de lágrimas. 
            Por  volta de 1966 o programa "Jovem Guarda"já havia se transformado em mania nacional. Dirigido aos jovens de classe média, o programa era apresentado em São Paulo pelo líder da juventude iê iê iê Roberto Carlos. Também participavam do grupo da jovem guarda os músicos Erasmo Carlos, Wanderléia, Jerry Adriani e Martinha entre outros.
            Transmitido em vídeo tape para o Rio de Janeiro, Belo Horizonte , Porto Alegre e Bahia, a Jovem Guarda era assistida por cerca de 3 milhões de espectadores.  Nessa trilha, foi montada uma verdadeira máquina comercial. Vendia-se tudo que aparecia no programa: discos, cintos, chaveiros e os mais variados tipos de roupas com a marca "Calhambeque" - nome de uma música cantada por Roberto Carlos. Até a maneira de falar dos jovens foi influenciada pelo linguajar dos artistas da jovem guarda: "papo-firme", "é uma brasa mora", "legal" e "barra limpa", foram algumas das expressões incorporadas pelos jovens que viam aqueles artistas da TV como verdadeiros ídolos.
       
O TEMPO NÃO PARA
       
Vimos que o Brasil a partir dos anos 60, desenvolveu-se e modernizou-se em várias áreas. Essa modernização não se deu em todos os níveis e nem beneficiou a maioria da população, fazendo com que convivam lado a lado em nosso país, a modernidade  e o arcaico,  o sofisticado e a pobreza.
No próximo bloco de estudos continuaremos o estudo da política e da economia, na tentativa de conhecermos melhor o nosso país, e os caminhos  que  ainda temos que percorrer para o pleno desenvolvimento econômico e social. Certamente que a educação faz parte desse processo, por isso, faça a sua parte nessa História: continue estudando

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