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Porto
para ti
Pinto
para ti
Perto
de ti
Parto
Paraty
Para ti
de mim
Paraty
Mirim
Para ti
e mim
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Aulas, artigos, fotos, poemas, causos, contos, coisas que vejo, escrevo e relaciono com o ofício de historiador.
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
PARATY MIRIM
domingo, 25 de setembro de 2016
O LIVRO DA VIDA TODA
Qual o tamanho de uma paixão?
O tempo da juventude ou a vida inteira?
A juventude é o tempo do primeiro encontro,
Quando tudo se inicia.
Tempo que a vida não nos dará mais tarde.
Olhar com encantamento...
Prolongar o primeiro encontro,
Passar o dia todo lendo,
Ler nas caladas da noite,
Sozinho,
Viajando por mundos
Nunca dantes navegados
Nunca dantes sonhados,
Grandes, Sertões, Veredas.
Apaixonados pelas Letras
IT’IS ONLY WORDS
O som dos Bee Gees. São só palavras,
mas é com elas que eu ganho a vida. Demorei a me alfabetizar, mas depois que
aprendi a escrever gostei, e gostei cada vez mais até viciar nas palavras,
especialmente as escritas. Gostava de aprender palavras novas, de soletrar, de
saber exatamente a acentuação.
Uma vez chegou lá em casa um caminhão de sucatas da
firma em que o meu pai trabalhava. Nossa casa tinha um grande galpão que servia
de oficina de marcenaria do meu pai e às vezes de depósito. Vieram uns
cadernões nos quais se escreviam livros razão e livros caixa e de atas, talões
de pedidos e notas fiscais. Tudo coisa antiga, mas sem uso, de mais de trinta
anos, possivelmente dos anos 1930 a 1950. As notas e talões viraram excelentes
blocos pra gente rabiscar, desenhar, fazer contas e tudo o mais. Já os livros
encadernados de papel de excelente qualidade atraiam a boa caligrafia. Minha
letra não era lá essas coisas, mas eu gostava de caprichar usando a caneta tinteiro, presente do meu pai
quando terminei o primário. Um servia para fazer trabalhos escolares e noutro
passei a escrever uma inusitada história de piratas. Era difícil manter os meus
escritos a salvo da sanha assassina e destruidora de letras alheias dos meus
irmãos menores. Para o João e especialmente para Íris, a caçulinha, se eu fazia
algo com tanto interesse por que eles não iriam me ajudar e se divertir também?
Era só eu me descuidar e lá iam eles rabiscar nos meus preciosos cadernos e
esquece-los nos sol e na chuva. O livro de piratas era tão bem escondido que
nem mesmo sei mais onde está. Perdeu-se no tempo e no espaço, foi pro beleléu e
a história nunca se acabou... bem, não tenho muita certeza. Esses tais “Piratas
do Caribe” me soam tão familiar...será que...não, impossível. Hahahhha!
Eu sempre gostei de escrever em
cadernos encadernados, esses de capa dura. Tenho vários, cheios de poesias,
discursos, crônicas...e letras de músicas que eu gosto de cantar me
acompanhando no violão. Dois deles também foram severamente mutilados por outra
criancinha encantada pelas letras que eu fazia - Patrícia, minha filhotinha e
legítima herdeira de minha devoção. No
entanto os frangalhos dos cadernos e mais as muitas anotações garatujas que ela
fez nos outros são marcas indeléveis da paixão dela pelas letras manuscritas.
Ela tem uma bela caligrafia e muitos cadernos desde a infância. Quando foi para
o colégio interno comprei para ela, na livraria da Travessa, um lindo note book,
de folhas brancas. A metade escrevi com caneta Mitsubishi uni ball preta, os
pensamentos mais preciosos para mim, pela beleza, pela poesia, pela sabedoria.
Pati escreveu alguns e me deu de volta pra eu ler e escrever mais.
Uma cidade Portuguesa no Rio da Prata
Colônia do Sacramento
Essa cidade foi fundada pelos portugueses na época da União Ibérica, de
1580 a 1640, quando Portugal e suas colônias estavam sendo governados pelo
rei de Espanha Felipe II. Quando os portugueses tiveram um novo rei, os
espanhóis tentaram desalojar os portugueses de lá, mas eles fincaram pé, e
estabeleceu-se que eles podiam ficar. Contudo, em 1750, pelo tratado de
Madri, os portugueses cederam a Sacramento aos espanhóis em troca dos Sete
Povos das Missões e otras cositas, ou seja, metade do Rio Grande, Santa
Catarina e Paraná. A cidadela foi sendo remodelada pelos espanhóis,
adquirindo uma configuração mista; um projeto parecendo Parati, com
edificações espanholas, ou base portuguesa e teto castelhano. Uma coisa.
Também não foi tão conservada e sofreu mutações ao longo do tempo. No
entanto, ainda restam um portão e uma face das muralhas, com alguns canhões
setecentistas.
A cidade em volta é bem típica portenha, o rio da Prata tem aquela coloração
marrom, e as praias parecem as da lagoa dos patos. Há uma linha de barcos de
passageiros para Buenos Aires, daqueles que levam ônibus, caminhões e tem
até um freeshopping dentro. Buenos Aires está cerca de 50 kms.
A estrada para colônia do Sacramento é muito boa e tem uns retões
arborizados, dos dois lados, às vezes de eucalipto e outras de palmeira
yatay. Nunca tinha visto uma estrada como essa, com palmeiras cerrando fila
dos dois lados, cerca de vinte metros uma da outra, por dezenas de
quilômetros. Pena que estão duplicando, e fazendo autopista. Para fazer isso
tem que arrancar as árvores.
MEU PRIMEIRO LIVRO
O livro das ovelhas
Eu lembro de um livro, desde a minha primeira infância, no
tempo em que meu pai cuidava de uma fazenda em Camaquã. O livro das ovelhas.
Era um livro de veterinária, distribuído pelos fabricantes de uma marca de
creolina, que meu pai ganhou nos tempos em que foi interno no colégio agrícola,
em Pelotas. Capa dura, cheio de ilustrações desenhadas e algumas fotos de animais.
De vez em quando eu via meu pai estudando nesse livro, e eu mesmo sempre que
podia o estudava também, de maneira respeitosa e compenetrada, como convém a um
menino de cinco anos. É claro que se fosse de outra forma me esquentariam a
bunda e eu nunca mais poria os olhos naquelas figuras que me fascinavam.
O próximo livro a me
fascinar foi a Bíblia que minha mãe ganhou de uma senhora adventista. O livro
de capa preta tinha duas colunas de letras em cada página e eu não sabia ler
nenhuma. Tinha oito anos.
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
CONVERSA COM MARIA
14/1/85
Não
Não
quis falar à Maria
O
que eu tinha para viver
A
ela eu nego o que digo
E
não digo o que quero
Nem
ligo
Saí
a cavalo para o combate
Que
me esperava nas ruas
E
dei de cara com as tuas pernas nuas
Num
instante eu me esqueço
Isso
não tem começo
Só
fim
Já
foi o tempo do meu encanto
E
num canto penso lento
A
hora da nossa morte
Alma
e corpo num alento
Divagam
Mas
não tanto
Que
eu já não tento
Diz
da vida quem não vive
- A vida é curta
Curte a vida e velho fica
E
vê o que te vivifica
E
no meu corpo já não tenho marcas
Que
não sejam cortadas por outras cicatrizes
Que
o ferir humano é sempre o mesmo sofrer
Mas
não ligo
RECUERDOS
julho
85
Dos
tempos passados guardei sementes
E
de vez em quando
quando me ouves
Planto
de novo e vejo crescer
Meus
sonhos desfeitos
Esperanças
perdidas
Pouca
valia...
Mas
Às
voltas com o mundo
Que como mate
Embora
amargo não se dispensa
Um
cachorro guaipeca
Um
jipe de plástico
Uma
marca no rosto
Um mato
de acácias
Aquece
o viver lembrar
E
contar vislumbrando
O
guri gaúcho que sou
E
aos poucos em teus braços
No
teu colo desato
Os
laços da memória
E
com eles teço recuerdos
De
coisas que fui e hoje são
Posse
secreta de minh’alma
FORA DE LUGAR
Teatino
Morre
na rua sem Deus
Teto
Destino
Um
sem Marca
Caminho
Regresso
Desempregado
Falido
Arrasado
Franzino
Faminto
Febril
Bastardo
Negrinho torto
Que
não tinha Coisa
Vintém
Amor
Nem onde cair
SOLIDÃO ESTÁ NA RUA
Solidão
é ansiosa e cala
Sente
medo e fica
Meditando
Existe
uma queixa muda
Pega
o silêncio e escreve
Mas
lhe é negada a vitrine
Ou
palavra que rime
Solidão
tem insônia
E
se mexe na cama
Ao
lado a desesperança
Do
que ela queria quando moça
No
quarto, o cheiro
De
todos os desejos abortados
Abatida
e com olheiras
Ronca
de porre
E
de boca aberta
As
decepções moeram-lhe o corpo
E a
alma
Secura
pelo que poderia ter sido
Se
soubesse a tempo
Sem
testemunha
Solidão
cai da janela
O
peso dos anos e os trancos da vida
Atiram-na
do sétimo andar
Ontem
foi seu aniversário
Os
vizinhos informaram:
Ninguém foi vê-la
O
porteiro informou:
Ninguém veio velá-la
quarta-feira, 21 de setembro de 2016
SONETO DA MULHER AMADA
Nos
caminhos do teu corpo
Me
procuro embevecido
E
me encontro semimorto
De
tudo o mais já esquecido
No
carinho dos teus braços
Estendo
meus sonhos esperados
E
nada quero perder
Desses
gestos encontrados
Mulher
encanto ou encanto de mulher
Que
mais que um sonho é um sentimento
Mais
que a carícia é o próprio carinho
Você
é o Paraíso e não só a maçã
É o
mundo encantado e a própria fada
Caminho
de flores na minha jornada
POETA DE EFEMÉRIDE
Vai
a estrela outra
Guia
dos meus passos
Luz
dos meus dias
Incendeia
minh’alma que desbota
As
cores velhas da tristeza
Ergue
meus sonhos tão alto
Que
de tão altos
Já
não posso mais olhá-los
Condenei-me
a ser poeta de efeméride
A
fazer versos alegres, apaixonados
E a
engolir a angústia bruta e burra
Do
mediano cotidiano
Condenei-me
a ser medíocre
A
sofrer um pouco, disfarçando
A
não chorar as ausências
E a
fingir não querer querendo
Por
onde será que anda a minha alegria?
Onde
enfiei a auto estima
E a
segurança que me faziam brilho?
Aonde
foram parar as minhas asas
Que
eu nutria de liberdade e ambição?
Cada
dia sei mais que te amo
Cada
dia sei mais que te quero
E
posso dizer isso sem medo
Com
a liberdade com que me entrego a esse amor
A
felicidade vem rolando
Como
a água de um riacho
Calma
e regularmente entre as pedras
Avolumando-se
Minha
estrela
Me
diz um bom dia que hoje o Sol não
apareceu
Vem
fazer dia na minh’alma vazia
LUAU NO RIO ARAPIUNS
A
tardinha deixamos a aldeia de Urucureá. Na água imagens douradas das coisas
dos homens e da floresta: tamanduá, reflexo de um cão que se alongava, doble
barco, árvores que se retorciam como
enfeites natalinos, o jardim aquático do Igarapé, como uma pintura de Monet.
A
itaúba deslizou mansa.
Sobre
o teto da embarcação degustei o ar crepuscular em largos sorvos
contemplativos:
a
densa floresta nas margens e o espelho negro das águas do braço do rio
Arapiuns.
Um
clarão sob as nuvens na margem esquerda anunciava o nascer da lua cheia, logo
após avistada a primeira estrela.
No
grande rio descortinamos o cenário planetário.
Lua,
luz negra prateando a escuridão, o sons da mata, o som da água.
O
comandante Rios espetou a proa do Esperança II numa pequena praia em forma de
ferradura. Céleres catamos lenha. Em pouco tínhamos uma fogueira. Ao lume
estendemos cangas e iniciamos a cantoria.
A
lua, a estrela da noite, bem bancava a prima-dona, escondendo-se no cortinado
esperando aplausos para tornar a aparecer. Então incendiava os ares dançando
com seus véus.
À argêntea luz subiram nossos uivos.
Noite
alta o banho de lua. A tepidez da água, o ar suave da noite. Mãos quebrando o
espelho lunar. Eu lunático. A voz, os sons da floresta, tambores, o córdio
bater amplificado. A respiração dos botos como muitas pessoas nadando em
silêncio.
Sensação
de ser, pertencer...
Nestor - Rio Arapiuns, Pará - Julho de 2003
itaúba - madeira da qual são feitos os barcos na amazônia
argêntea - a cor da prata
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terça-feira, 14 de junho de 2016
"O Fisico" de Noah Gordon
Ganhei do meu aluno Gustavo "O Fisico" de Noah Gordon. Formidável!
"O drama de um homem dotado do poder quase místico de curar,
que tem a obsessão de vencer a morte e a doença,
é aqui contado desde o obscurantismo e a brutalidade
do século XI na Inglaterra ao esplendor e sensualidade da Pérsia,
detalhando a idade de ouro da civilização árabe e judaica.
A história começa quando Rob Cole, órfão,
aprendiz de um barbeiro-cirurgião na Inglaterra,
toma conhecimento da existência de uma escola extraordinária na Pérsia,
onde um famoso físico leciona. Decidido a ir a seu encontro,
descobre que o único problema estava no fato de que cristãos
não tinham acesso às universidades muçulmanas durante as Cruzadas.
A solução era Rob assumir a identidade de um judeu,
ao mesmo tempo em que se envolvia
com uma avalanche de fatos verdadeiramente impressionantes."
O Físico é um filme alemão do género aventura, realizado por Philipp Stölzl,
e baseado no romance homónimo de Noah Gordon. Wikipédia
que tem a obsessão de vencer a morte e a doença,
é aqui contado desde o obscurantismo e a brutalidade
do século XI na Inglaterra ao esplendor e sensualidade da Pérsia,
detalhando a idade de ouro da civilização árabe e judaica.
A história começa quando Rob Cole, órfão,
aprendiz de um barbeiro-cirurgião na Inglaterra,
toma conhecimento da existência de uma escola extraordinária na Pérsia,
onde um famoso físico leciona. Decidido a ir a seu encontro,
descobre que o único problema estava no fato de que cristãos
não tinham acesso às universidades muçulmanas durante as Cruzadas.
A solução era Rob assumir a identidade de um judeu,
ao mesmo tempo em que se envolvia
com uma avalanche de fatos verdadeiramente impressionantes."
O Físico é um filme alemão do género aventura, realizado por Philipp Stölzl,
e baseado no romance homónimo de Noah Gordon. Wikipédia
Data de lançamento: 9 de outubro de 2014 (Brasil)
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