Solidão
é ansiosa e cala
Sente
medo e fica
Meditando
Existe
uma queixa muda
Pega
o silêncio e escreve
Mas
lhe é negada a vitrine
Ou
palavra que rime
Solidão
tem insônia
E
se mexe na cama
Ao
lado a desesperança
Do
que ela queria quando moça
No
quarto, o cheiro
De
todos os desejos abortados
Abatida
e com olheiras
Ronca
de porre
E
de boca aberta
As
decepções moeram-lhe o corpo
E a
alma
Secura
pelo que poderia ter sido
Se
soubesse a tempo
Sem
testemunha
Solidão
cai da janela
O
peso dos anos e os trancos da vida
Atiram-na
do sétimo andar
Ontem
foi seu aniversário
Os
vizinhos informaram:
Ninguém foi vê-la
O
porteiro informou:
Ninguém veio velá-la
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