sexta-feira, 23 de setembro de 2016

SOLIDÃO ESTÁ NA RUA

Solidão é ansiosa e cala
Sente medo e fica
Meditando
Existe uma queixa muda
Pega o silêncio e escreve
Mas lhe é negada a vitrine
Ou palavra que rime

Solidão tem insônia
E se mexe na cama
Ao lado a desesperança
Do que ela queria quando moça
No quarto, o cheiro
De todos os desejos abortados

Abatida e com olheiras
Ronca de porre
E de boca aberta
As decepções moeram-lhe o corpo
E a alma
Secura pelo que poderia ter sido
Se soubesse a tempo

Sem testemunha
Solidão cai da janela
O peso dos anos e os trancos da vida
Atiram-na do sétimo andar
Ontem foi seu aniversário
Os vizinhos informaram:
        Ninguém foi vê-la
O porteiro informou:

        Ninguém veio velá-la

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